segunda-feira, 4 de maio de 2015

Dia de Campo em Palmeira dos Índios: turma de Letras



No último dia 24 de abril os estudantes da área de Letras da Licenciatura em Educação do Campo da Uneal participaram de atividades de campo na cidade de Palmeira dos Índios.

A referida atividade foi promovida pelo Prof. Rogério Feolli através da estratégia Diário de bordo das  visitações acompanhados de avaliação crítica sobre as questões da Literatura, memória e sociedade (Literatura Alagoana e Brasileira II) e pela Profa. Sanádia, sobre questões relacionadas à diversidade linguística, comunidades de fala e produção de texto (Língua Portuguesa e Linguística 2).

Os trabalhos foram iniciados na manhã da sexta-feira, com visita a Casa Museu Graciliano Ramos. Fundada em 05 de outubro de 1973, e mantida pela prefeitura municipal de Palmeira dos Índios abriga acervos doados pela viúva do escritor, Heloisa Medeiros Ramos. O museu é composto de objetos pessoais, livros, fotos, artigos, manuscritos, traduções, teses, mobiliário, utensílios domésticos do período que Graciliano morou na casa, hoje museu que resguarda sua memória.

Para o Professor Rogério Feolli, foi ressaltada a importância da leitura no desenvolvimento de itinerários de pesquisa e no processo de construção de identidades.

Após a visita interna ao museu, a turma do Procampo teve a oportunidade de participar de uma Roda de Diálogo sobre aspectos da vida e obra do escritor alagoano, com o Prof. Cosme Rogério, Gerente de Extensão da Uneal e pesquisador da área. 

 Segundo o Prof. Cosme Rogério, Gerente de Extensão da PROEXT, "conhecer a vida e a obra de Graciliano Ramos constitui uma experiência de jornada: significa partir dos aspectos locais e atingir o mais profundo da alma humana. Uma atividade como esta, realizada pelo Procampo, se trata, portanto, não apenas de buscar saber a respeito de um dos maiores escritores brasileiros, mas da descoberta de um dos melhores tradutores de nossa alagoanidade/humanidade."

No início da tarde, a turma foi recebida pela Secretária de Cultura da cidade, Profa. Aparecida Costa, no Museu Xucurus localizado no prédio de uma antiga igreja construída pelos escravos em 1805 e que hoje abriga cultura indígena dentre outras curiosidades históricas variadas. Armas indígenas, vestimentas da dança ritual do toré, igaçabas - tumbas de cerâmica com ossadas humanas dentro -  e  também alguns dos cruéis instrumentos de tortura usados contra ferramentas de terror usadas pelos colonizadores são encontrados no Museu.
 
Segundo a Profa. Sanádia Gama, "essas experiências contribuem para reflexões que circundam a importância da afirmação identitária de um povo, associada às dimensões culturais, econômicas, políticas e sociais que mantém viva uma história e memória, reconhecendo diversas linguagens e expressões linguísticas das comunidades, sejam nas narrativas literárias, e até mesmo nas produções de cunho científico. Essas manifestações precisam estar presentes na construção argumentativa das produções textuais dos diversos gêneros produzidos pelos estudantes e, assim se relacionar à teoria e a prática, imbuídas no discurso e integradas ao fazer docente."

 Finalizando as atividades do dia, a Turma se deslocou para a área rural da cidade, denominada Fazenda Canto, conhecer a experiência de educação escolar indígena desenvolvida na Reserva Indígena Xucurus-Kariri através da Escola Estadual Pajé Miguel Selestino. Todos foram recebidos pela diretora Profa. Luci Souza de Mendonça, Pajé Celso Selestino, Cacique Antônio Ricardo e lideranças indígenas.


Na visita foi realizada uma roda de diálogo entre a turma e a representação indígena alí presente. A Profa. Luci, justificou a ausência da comunidade escolar, tendo em vista a semana do Ouricuri - ritual religioso indígena secreto praticado por vários grupos. Resgatou a luta pela conclusão da construção da escola, bem como às dificuldades em desenvolver uma educação diferenciada conforme garantia legal. Foram momentos de muito aprendizado e integração da turma do Procampo, onde pode se contar com efetiva participação dos/as alunos/as.  

Aos  olhos do Professor Rogério, os alunos puderam estar em contato  empírico com a materialidade da história  num  acervo rico, e carente de  ações de manutenção da memória. "Neste momento a ação do educador é importante  como geradora de outras  ações de resgate e  luta pela verdade  não contada nas escolas," afirma o Professor. 

Para a turma do Procampo, a visita à Escola na reserva Xucuru-Cariri, foi marcante de modo a refletir como determinada imagem do índio no Brasil, força uma imagem associada a estereótipos, quebrados  no contato real com os indígenas  da reserva que estão na  luta desta comunidade pelas conquistas aos direitos fundamentais como educação, saúde e segurança.



Veja também no site da Uneal: http://www.uneal.edu.br/sala-de-imprensa/noticias/turma-de-letras-do-procampo-uneal-realiza-atividades-em-palmeira-dos-indios

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