No último dia 24 de abril os estudantes da área de
Letras da Licenciatura em Educação do Campo da Uneal participaram de atividades
de campo na cidade de Palmeira dos Índios.
A referida atividade foi promovida pelo Prof.
Rogério Feolli através da estratégia Diário de bordo das visitações
acompanhados de avaliação crítica sobre as questões da Literatura, memória e
sociedade (Literatura Alagoana e Brasileira II) e pela Profa. Sanádia, sobre questões
relacionadas à diversidade linguística, comunidades de fala e produção de texto
(Língua Portuguesa e Linguística 2).
Os trabalhos foram iniciados na manhã da
sexta-feira, com visita a Casa Museu Graciliano Ramos. Fundada em 05 de
outubro de 1973, e mantida pela prefeitura municipal de Palmeira dos Índios
abriga acervos doados pela viúva do escritor, Heloisa Medeiros Ramos. O museu é
composto de objetos pessoais, livros, fotos, artigos, manuscritos, traduções,
teses, mobiliário, utensílios domésticos do período que Graciliano morou na
casa, hoje museu que resguarda sua memória.
Para o Professor Rogério Feolli, foi ressaltada a
importância da leitura no desenvolvimento de itinerários de pesquisa e no
processo de construção de identidades.
Após a visita interna ao museu, a turma do Procampo
teve a oportunidade de participar de uma Roda de Diálogo sobre aspectos da vida
e obra do escritor alagoano, com o Prof. Cosme Rogério, Gerente de Extensão da
Uneal e pesquisador da área.
Segundo o Prof. Cosme
Rogério, Gerente de Extensão da PROEXT, "conhecer a vida e a obra de Graciliano
Ramos constitui uma experiência de jornada: significa partir dos aspectos
locais e atingir o mais profundo da alma humana. Uma atividade como esta,
realizada pelo Procampo, se trata, portanto, não apenas de buscar saber a
respeito de um dos maiores escritores brasileiros, mas da descoberta de um dos
melhores tradutores de nossa alagoanidade/humanidade."
No início da tarde, a turma foi recebida pela
Secretária de Cultura da cidade, Profa. Aparecida Costa, no Museu Xucurus
localizado no prédio de uma antiga igreja construída pelos escravos em 1805 e
que hoje abriga cultura indígena dentre outras curiosidades históricas
variadas. Armas indígenas, vestimentas da dança ritual do toré, igaçabas -
tumbas de cerâmica com ossadas humanas dentro - e também alguns dos
cruéis instrumentos de tortura usados contra ferramentas de terror usadas pelos
colonizadores são encontrados no Museu.
Segundo a Profa. Sanádia Gama,
"essas experiências contribuem para reflexões que circundam a importância da
afirmação identitária de um povo, associada às dimensões culturais, econômicas,
políticas e sociais que mantém viva uma história e memória, reconhecendo
diversas linguagens e expressões linguísticas das comunidades, sejam nas
narrativas literárias, e até mesmo nas produções de cunho científico. Essas
manifestações precisam estar presentes na construção argumentativa das
produções textuais dos diversos gêneros produzidos pelos estudantes e, assim se
relacionar à teoria e a prática, imbuídas no discurso e integradas ao fazer
docente."
Finalizando as atividades do dia, a Turma se
deslocou para a área rural da cidade, denominada Fazenda Canto, conhecer a
experiência de educação escolar indígena desenvolvida na Reserva Indígena
Xucurus-Kariri através da Escola Estadual Pajé Miguel Selestino. Todos foram
recebidos pela diretora Profa. Luci Souza de Mendonça, Pajé Celso Selestino,
Cacique Antônio Ricardo e lideranças indígenas.
Na visita foi realizada uma roda de diálogo entre a
turma e a representação indígena alí presente. A Profa. Luci, justificou a
ausência da comunidade escolar, tendo em vista a semana do Ouricuri
- ritual religioso indígena secreto praticado por vários
grupos. Resgatou a luta pela conclusão da construção da escola, bem como
às dificuldades em desenvolver uma educação diferenciada conforme garantia
legal. Foram momentos de muito aprendizado e integração da turma do
Procampo, onde pode se contar com efetiva participação dos/as alunos/as.
Aos olhos do Professor Rogério, os alunos
puderam estar em contato empírico com a materialidade da história
num acervo rico, e carente de ações de manutenção da memória. "Neste
momento a ação do educador é importante como geradora de outras
ações de resgate e luta pela verdade não contada nas escolas," afirma o Professor.
Para a turma do Procampo, a visita à Escola na
reserva Xucuru-Cariri, foi marcante de modo a refletir como determinada imagem
do índio no Brasil, força uma imagem associada a estereótipos, quebrados
no contato real com os indígenas da reserva que estão na luta desta
comunidade pelas conquistas aos direitos fundamentais como educação, saúde e
segurança.
Veja também no site da Uneal: http://www.uneal.edu.br/sala-de-imprensa/noticias/turma-de-letras-do-procampo-uneal-realiza-atividades-em-palmeira-dos-indios
foi bastante proveitoso !!!!r
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